sexta-feira, 1 de junho de 2012

Amigos,

confiram a bela reportagem sobre meu espetáculo "Como Num Livro Aberto" realizada pela turma do Sincronia Cachoeirinha: http://youtu.be/YEd5GG92xXo
A apresentação se deu no espaço Arte Cena da amiga Rosane Castro, talentosa contadora de histórias da cidade de Cachoeirinha. Ela batalha muito para criar um espaço de arte e cultura em Cachoeirinha e pode contar sempre com meu apoio.
Obrigado pessoal do Sincronia e Rosane pelo trabalho que vocês fazem em prol da arte.
Abraço a todos!

terça-feira, 8 de maio de 2012

POR QUE SOU MÁGICO?

Amigos,

tive a sorte este final de semana de participar do festival de mágica "Cubamagic e Convidados" organizado pelo amigo Rafael, Cubamagic, na cidade de Itajaí. A viagem, longa, deu a oportunidade de converser bastante com o amigo e também mágico Juan Araujo, grande conhecedor da arte mágica. Ele me lembrou de um episódio que aconteceu com um artista americano que havia abandonado outra carreira para se tornar mágico. Este foi meu caso como também foi do Juan. Um conhecido desse mágico criticou essa decisão, perguntando que loucura era essa de deixar um verdadeiro trabalho para se dedicar a estas "brincadeiras".
Eu poderia escrever páginas para responder mas pensei que a foto a seguir, tirada durante uma apresentação que tive a sorte de fazer na Ilha de Santay, en frente à cidade de Gayaquil no Equador, seria suficiente.


Desejo a todos um dia tão iluminado quanto os rostos dessas crianças equatorianas.

Um forte abraço

Eric, o Magicontador

terça-feira, 24 de abril de 2012

Novo Site do Magicontador

Amigos,

Criado por Ana Medeiros da Sasites (www.sasites.com.br), está no ar meu novo site:

www.magicontador.com.br

Aguardo a visita de vocês!

Abraço a todos

Eric

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Perspectiva


      Uma história muito famosa que mostra tão bem o quanto é importante saber mudar de perspectiva na hora certa...

     Era-se uma vez uma jovem cuja mente era muito rápida. Seu pai devia muito dinheiro a um agiota sem escrúpulos e não tinha como pagar. Chamado para negociar, o agiota ofereceu de cancelar a dívida se pai e filha aceitassem uma aposta: Uma pedrinha preta e uma pedrinha branca seriam retiradas de uma sacola e colocadas na sua mão. A filha escolheria uma ao acaso. Se ela pegasse a pedrinha branca a dívida seria cancelada mas se ela pegasse a pedrinha preta, teria que casar-se com ele.
     O agiota pegou as duas pedras e estendeu a mão para que ela possa escolher...A moça, muito esperta, havia percebido que, na mão fechada, ele havia colocado duas pedras pretas.
     O dilema era assustador. Se ela revelasse que o agiota era trapaceiro ele, com certeza, mandaria o pai para a cadeia por não pagar a dívida mas se ela pegasse uma das duas pedras pretas teria que se casar com este homem diabólico. 
     O que fazer?
     A mente dela era rápida. Ela pegou uma pedrinha e, sem que ninguém possa vê-la, fingindo nervosismo, a deixou cair no meio das outras.
 - Agora não vai dar para saber qual pedra você escolheu!” disse o agiota furioso.
 - "Sim, claro que vai... pois minha escolha foi necessariamente a pedra que não estiver mais na sua mão."
      O agiota abriu a mão. A pedra que sobrava era preta, a escolhida, portanto, só podia ter sido a branca... a dívida foi cancelada.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mudar de perspectiva

Existe um número famoso entre os mágicos: O boneco Voodoo.
Um bonequinho é colocado deitado na mão e este começa a se levantar sozinho.
Eu detestava esse número. Sim, o detestava porque sempre que o via apresentado, o mágico, com ar muito sério, começava a invocar seus poderes para fazer o bonequinho se levantar... eu achava isso ridículo.
Um dia, meu irmão escolhido David Medina, grande mágico, entre muitas outras coisas, me pediu para fabricar um boneco “Voodoo”.
- Vais querer fazer este número? Mas ele é muito ruim, não tem nada a ver contigo, falei.
- Tem outras formas de apresentá-lo, vou fazer sim, me respondeu o amigo.
Fabriquei então um boneco e, como não ficou muito bom, fiz um segundo. Este, de melhor qualidade, podia ser dado ao amigo e o primeiro, ficou comigo.Comecei a mostrá-lo ao público (sem fazer o número é claro) e as pessoas me diziam: 
- “Olha só, que espantalho bonito!”
Espantalho? Eu nunca havia visto um espantalho! Isto não passava de um boneco Voodoo, ridículo...
Quando percebi que fazia sentido para as pessoas, o número começou a me interessar e comecei a entender o ponto de vista do amigo: Claro, podia ser apresentado de forma diferente! Podia fazer sentido, podia ser mágico mesmo!
Rapidamente, uma história nasceu  (“O Espantalho e a Passarinha”, pode vê-la no seguinte link: http://youtu.be/L817i-i1b5Q ) e rapidamente o número se tornou um dos meus preferidos.
O Espantalho apresentado na maravilhosa 
Feira do livro de Lindolfo Collor - Foto Adair Mahle

Gosto de dizer que a mágica fala e que temos que saber escutá-la. Durante anos eu não soube escutar o que ela estava me dizendo com este número por não conseguir mudar meu ponto de vista, por não enxergar o espantalho escondido atrás do "boneco voodoo". 
São muitos os exemplos onde uma mudança de perspectiva veio mudar nosso destino. Este será o tema da história que postarei em breve aqui. 
Abraço a todos.

Os heróis da Educação

- Era hoje?
-  Sim, respondi à Diretora da escola que acabava de abrir sua porta e  me olhava com evidente surpresa. A Secretaria da Educação enviou um cronograma a todas as escolas contempladas pelo projeto de apresentações de espetáculos meus. Você deve ter recebido.
- E onde você quer fazer?
- Bem, eu não sei, não conheço a escola...
- Pode ser no refeitório?
- Pode, é só me mostrar onde fica.
- Não posso agora... é só seguir aqui que você acha. Vou lhe mandar alguém para ajudar a tirar as mesas, são bem pesadas.
Ela fechou a porta. Fui até o refeitório, vi onde poderia colocar meu cenário e comecei as várias viagens necessárias para trazer o equipamento guardado no carro. Entrar e sair da escola não foi difícil: o portão, completamente destruído, não fechava mais,  parecia mesmo querer anunciar uma  escola suja, bastante depredada e com crianças correndo e gritando por tudo quanto é lado.
Pensei que a realidade do ensino em lugares como este não devia ser fácil. O bairro era considerado um dos mais perigosos da cidade, com altos índices de consumo de droga e violência doméstica. A intenção da Secretaria de Educação ao me mandar nestes locais era justamente tentar trazer algo diferente para esses alunos.

Após várias viagens e como ninguém aparecia para me ajudar com as mesas, realmente muito pesadas, fui retirando-as sozinho. Depois de bastante esforço, consegui montar o equipamento necessário para a apresentação.
Pouco depois, as crianças começaram a entrar na sala. Parecia uma horda dos mongóis de Gengis Khan na hora da batalha, só que bem menos disciplinados. Correria, gritaria, brigas... Antes mesmo de começar o espetáculo já estavam invadindo o cenário e, como era de se esperar, a apresentação foi uma das mais difíceis que fiz em toda minha carreira.

Depois do espetáculo guardei tudo de novo no carro e voltei para casa pensando nas dificuldades que todos os profissionais da educação deviam enfrentar nesses ambientes. Para dizer toda a verdade, também estava preocupado com as minhas já que, alguns dias depois, outra apresentação estava marcada numa outra escola, no mesmo bairro, a pouca distancia da primeira.

No dia marcado, esperando o pior, me apresentei na frente do portão da segunda escola. Um guarda uniformizado perguntou meu nome.
- Eric, o Magicontador.
- Ah, sim, o Diretor está lhe esperando. Pode entrar.
Para minha surpresa, a escola estava em perfeitas condições. O diretor me recebeu calorosamente e me mostrou o local onde aconteceria a apresentação. Um palco simples mas amplamente suficiente havia sido montado e alguns professores estavam ocupados a decorar o ambiente. Os bancos estavam prontos para receber os alunos.
Pouco antes da hora marcada para o inicio da apresentação os alunos começaram a chegar, cada turma vindo tranquilamente seguindo seu professor. Todos sentaram ordenadamente, deixando os lugares da frente para os menores.
Como podem imaginar, naquele dia, aconteceu uma das melhores apresentações da minha carreira.

No caminho de volta para casa tive que reavaliar todos os pensamentos da semana anterior. A segunda escola encontrava-se no mesmo bairro que a primeira (não havia trezentos metros entre uma e outra), seus alunos sofriam dos mesmos problemas, das mesmas violências, da mesma precariedade. Estas no entanto pareciam representar dois mundos completamente diferentes. Quando a primeira entregava a imagem de um sistema educativo completamente abandonado, a segunda demonstrava claramente que a determinação,  o profissionalismo e comprometimento das pessoas que ali trabalhavam podiam mudar esta realidade.

Semana passada estive numa escola, onde, da mesma forma (as condições de trabalho não se comparam com as que descrevi antes pois os bairros e cidades não são os mesmos) pessoas comprometidas com seu papel de Educadores fazem a diferença. Ao entrar na escola Professor Nandi  do bairro Desvio Rizzo de Caxias do Sul, as crianças correram para me abraçar. Já me conheciam e, o que é mais importante, já conheciam meus livros, não só por tê-los lidos mas também trabalhados, estudados e interpretados. Todos sentiam-se envolvidos no projeto de leitura que culminava com as minhas apresentações e isto era, sem dúvida alguma o resultado do trabalho de todos os setores da escola:  Direção, biblioteca, professores, funcionários.
Este projeto demonstrou uma vez mais que uma equipe unida, perseguindo os mesmos objetivos consegue resultados maravilhosos.

Durante o dia que passei na escola, foram muitos os momentos de emoção, de surpresa que ficarão gravados na minha memória e coração e, mais uma vez, voltei para casa pensando no quanto estes profissionais são capazes de fazer a diferença.

Concordo com a professora Amanda Gurgel que, num vídeo agora famoso na Internet (http://youtu.be/yFkt0O7lceA), explica o quanto é injusto pedir a pessoas que ganham muito mal para ser, dentro da sala de aula, os únicos heróis da Educação. Ela está certa é claro, mas não podemos negar que estes heróis existem. Eu tive a sorte de encontrar muitos deles e fico imaginando o que estes profissionais seriam capazes de fazer se não tivessem que brigar sozinhos, se houvesse em todos os níveis da Educação, outros, muitos heróis como eles, com uma real vontade de fazer a diferença. Dá para sonhar, não dá?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O espírito da escada

Amigos,

Assisti recentemente a uma conferência durante a qual aconteceu um momento muito desagradável: Uma professora, na platéia, fez uma pergunta, procurando saber como podia orientar seu alunos sobre livros a serem lidos. Por sua vez, ela se viu perguntada pela conferencista sobre qual livro estava lendo no momento. A professora respondeu e se viu ridicularizada por estar lendo um dos livros da moda (não importa qual).
Aquilo foi tão desagradável que depois de alguns minutos a professora foi embora.

Me arrependo muito de não ter defendido na hora o direito de essa pessoa ler o que ela queria. Em francês, chamamos isso de "Espírito da escada" (você realiza o que devia ter dito ou feito, uma vez na escada, já deixando o lugar...).

Não conheço essa professora mas conheço muitas outras (e alguns outros...), que batalham todos os dias para levar seus alunos a pegar um livro e ler. Ao fazer uma pergunta naquele dia, esta procurava ajuda para realizar essa tarefa e, o que aconteceu foi, com certeza, um dos piores exemplos do que pode ser feito para incentivar a leitura.

A você, professora desconhecida, quero dedicar os "Dez direitos imprescriptíveis do leitor" de Daniel Pennac no seu livro "Como um romance" que norteiam até hoje meu modo de pensar sobre leitura. Espero que lhe ajudem na sua sala de aula.

1-   O direito de não ler
2-  O direito de pular páginas
3-  O direito de não terminar um livro.
4-  O direito de não reler.
5-  O direito de ler qualquer coisa
6-  O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível)
7-  O direito de ler em qualquer lugar
8-  O direito de ler um frase aqui e outra ali.
9-  O direito de ler em voz alta.
10- O direito de calar.



Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1997. Tradução de Leny Werneck